Novas tecnologias e relacionamento humano

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*Profa. Dra. Maria José da Costa Oliveira –

Estamos  vivendo a  aventura contraditória da sociedade moderna. De uma lado, o ser humano vem ficando mais crítico, mais informado,  mais reivindicador de seus direitos,  mais intolerante e,  ao mesmo tempo, mais isolado e  com medo do próprio ser humano.

Tal contradição pode ser atribuída a inúmeras causas, em especial, aos crescentes problemas sociais. Entretanto, ao analisar a sociedade moderna,  não podemos deixar de incluir o papel preponderante que o avanço tecnológico vem desempenhando, a ponto de evidenciar a  contradição exposta acima.

Enquanto  promove a aproximação, a informação em tempo real, a velocidade da disseminação de conhecimento, também provoca o isolamento, a falta de contato humano, a falta de mais envolvimento emocional entre as pessoas. A própria linguagem dos veículos de vanguarda acaba sendo mais objetiva, mais direta, mais racional.

Já li e concordo com autores que dizem que a tecnologia não é boa nem  má, pois é a  forma como a aplicamos que lhe dá sentido ético. Porém,  percebo que o ser humano deslumbra-se ou assusta-se com os avanços tecnológicos, esquecendo-se de que a tecnologia deve ser usada em seu favor  e não acima ou contra ele.

Não pretendo aqui levantar a bandeira anti tecnologia, mas é preciso promover um repensar sobre sua utilização para o benefício da humanidade, uma vez que é comum verificarmos a exclusão daqueles que não têm acesso às novas tecnologias. É comum, também, ver   a máquina substituindo e sendo mais valorizada do que o ser humano, ou  celulares e  internet fazendo com que  o  indivíduo  tenha que se dedicar integralmente ao trabalho, pois,  como a informação é em tempo real, a qualquer hora do dia ou da noite, acaba-se  com a privacidade, com o tempo dedicado aos amigos, à família, enfim, aos outros papéis que todos nós temos necessidade de assumir.

Há alguns anos houve quem arriscasse   previsões, garantindo que  as  novas tecnologias propiciariam   mais tempo para o lazer, mais tempo para desempenhar outros papéis,  além do papel profissional.

Contudo,  temos testemunhado o inverso dessa previsão.  O tempo de lazer tem diminuído, o tempo com a família e amigos tem ficado cada vez mais escasso. Isso pode ser comprovado com a crescente fragilidade da estrutura familiar.

É tempo de perguntarmos: O que queremos para nós e para a nossa sociedade? Qual o custo/benefício dos avanços tecnológicos?

Alguns podem dizer que o questionamento vem de quem não sabe administrar seu tempo, de quem é resistente aos novos tempos, de quem procura desculpas para as suas deficiências no conhecimento dos mais variados softwares.

Talvez tenham razão,  mas penso que a maioria de nós não sabe equilibrar a utilização das novas tecnologias de forma que esta passe a servir ao ser humano e não o contrário.

Até a educação temos perdido com a tecnologia. As pessoas deixam de dar atenção para quem está à sua frente e se voltam muito mais às mensagens  por celular, iphone, ipad, ficando mais ligadas às redes sociais e-mails  do que ao  interlocutor  que está bem à sua frente.

Muitos se enchem de orgulho para dizer que têm quinhentos, mil, dois mil amigos/seguidores nas redes sociais, mas não encontram tempo para o contato pessoal com pessoas realmente importantes em sua vida.

 Assim, espero estar errada, mas fico receosa que essa falta de equilíbrio entre as relações virtuais e presenciais leve a máquina a um avanço muito superior se comparada ao ser humano.

Maria José da Costa Oliveira é Pós-doutora, doutora e mestre pela USP. Pós-Graduada em Marketing – Faculdades São Judas, Graduada em Comunicação Social – Relações Públicas pela UMC e palestrante da AP

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