Relações Públicas e sua contribuição para a cidadania

É possível mudar uma Cultura Empresarial?
27 de março de 2019
Capacitação em Primeiros Socorros
9 de maio de 2019
É possível mudar uma Cultura Empresarial?
27 de março de 2019
Capacitação em Primeiros Socorros
9 de maio de 2019

*Maria José da Costa Oliveira – 

Algumas datas como os dias 02 e 11 de dezembro que, respectivamente, marcam o Dia Nacional das Relações Públicas e a regulamentação da profissão, são propícias para se estimular a reflexão sobre nossa atividade profissional e sua relação com a sociedade, para além de suas técnicas e abordagem estratégica de negócios.

Afinal, qual o papel das Relações Públicas na sociedade? Qual sua contribuição para o exercício da cidadania e para a consolidação democrática? Questões como essas provocam a necessidade de resgatar a essência de uma atividade, que tem como alicerces a construção de relações pautadas na transparência, no diálogo,  na confiança, na tolerância.

Sob essa perspectiva já se vislumbra o intimo entrelaçamento de relações públicas com democracia e com cidadania, já que, como atividade, pode ser considerada uma função intimamente ligada à educação com fim social, porque se propõe justamente a estabelecer relações entre organizações e públicos, por meio de interlocução com grupos e indivíduos valorizados como sujeitos,  posicionados não apenas como meros espectadores, ouvintes ou receptores,  mas como atores com voz ativa, capazes de expressar opiniões, deliberar sobre temas de seus interesses, interferir em ações que tenham impacto coletivo.

Se considerarmos os avanços de espaços de participação, de expressão, sejam eles off-line ou online, é possível identificar o anseio de muitos que buscam alternativas para atuarem como cidadãos. Em contrapartida, há os que se valem até mesmo de canais institucionais para ganhos exclusivamente individuais, que comprometem a própria noção de cidadania, fragilizando relações, que têm se tornado cada vez mais efêmeras.

O desafio é grande, uma vez que as crises de relacionamento se enraízam com a falta de transparência, credibilidade e diálogo, distanciando o indivíduo da participação, do coletivo, do interesse público. Na contramão da cidadania, muitos se tornam anestesiados, resistem aos espaços de debate, porque a desconfiança impera.

Já a atividade de Relações Públicas, como o próprio nome sugere, trata de relações no espaço público,  que só têm sentido se forem fundamentadas nos princípios de bem comum, justiça e democracia, o que significa conquistar a credibilidade das organizações (governos, entidades, empresas) junto a seus públicos, utilizando verdade e transparência, colaborando, inclusive, dentro de um processo de transformação, para a educação cidadã dos públicos, constituídos por indivíduos com capacidade de compartilhar percepções, opiniões, a fim de alcançar o melhor caminho para que a sociedade seja capaz de conviver coletivamente.

E essa contribuição que Relações Públicas pode dar ao processo de mudança de mentalidade, depende diretamente da competência dos profissionais responsáveis por sua prática e do entendimento de sua importância por parte de dirigentes de organizações dos diferentes setores da sociedade, visando capacitar e instrumentalizar os indivíduos para que se tornem cidadãos e tenham um papel ativo nesse processo.

No final dos anos 40 Pimlott, citado por Grunig e Hunt, descreveu o profissional de Relações Públicas como essencial para a democracia americana, pois, segundo sua afirmação “Relações Públicas é um dos métodos pelo qual a sociedade se ajusta às circunstâncias em mudança e soluciona os choques, os conflitos entre atitudes, idéias, instituições e personalidades”

Nessa perspectiva, Relações Públicas torna-se uma condição “sine qua non” para a existência da cidadania e da democracia, cabendo ao profissional da área, conforme já destacado, não apenas o conhecimento e a habilidade técnica disponível para a profissão, mas, em especial, assumir sua função com  responsabilidade social e ética. Afinal, para contribuir com a cidadania, é necessário também entender e exercer seu papel de cidadão.

Referências Bibliográficas

 GRUNIG, J; HUNT, T. Managing Public Relation. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1984.

OLIVEIRA, M.J.C. A Relação do Estado, da Sociedade e do Mercado na construção da cidadania. O papel das Relações Públicas. Tese de Doutorado. ECA/USP, 2001.

Maria José da Costa Oliveira é Pós-doutora, doutora e mestre pela USP. Pós-Graduada em Marketing – Faculdades São Judas, Graduada em Comunicação Social – Relações Públicas pela UMC e palestrante da AP

WhatsApp chat